quarta-feira, 25 de janeiro de 2012



     As pessoas nem desconfiam que no nosso adorado mundo, a que chamamos Terra, existe um outro continente. Ele é muito pequeno, do tamanho de metade de Portugal, todo ele é uma praia e os únicos habitantes são os peixes, as gaivotas e as plantas do mar. Este continente chama-se Astro da Gaivota. Lá não existe poluição e nunca se ouviu falar em maldade, superioridade ou mentira.
      Todas as gaivotas são iguais, mas há uma excepção. Existe uma gaivota toda preta, com uns lindos olhos azuis. Ninguém se atrevia a falar com ela, pois se dizia que era alienígena. É verdade que não era normal, aparecera em Astro da Gaivota num dia frio de inverno. Nevava, havia uma grande tempestade e o mar estava bravíssimo.  Estava encharcada e parou para se abrigar debaixo de uma bananeira. Mas quando o sol apareceu,  sentia-se tão bem ali que não quis continuar o seu percurso.  Nunca ninguém descobriu este local, até aos dias de hoje.
     Em vez de comer peixe, a gaivota preta comia bananas e, para dormir, não fazia um ninho. Enterrava o seu corpo na areia fina e doirada da praia, tendo como almofada um monte de areia. Quando acordava, fazia o seu voo matinal. Voava altíssimo, talvez o voo mais alto que alguma vez alguma gaivota conseguira. No seu voo matinal, que por acaso era às três da manhã, chegava à lua, contornava as constelações, sobrevoava as estrelas e nunca se cansava. Quando finalmente aterrava, às cinco da manhã, ela sentava-se a ver o nascer do sol, o lindo nascer do sol que iluminava Astro da Gaivota, de uma ponta à outra.
      Numa dessas manhãs, no seu voo matinal, chegou à lua e contornou as constelações mas, enquanto sobrevoava as estrelas, uma delas agarrou-se à sua pata. Como esta era pesada, caiu repentinamente na água. Não se afogou porque a estrela a largou. Então, a gaivota voou até à areia. Olhou para o mar e viu a estrela a boiar e a ser levada para longe, com as ondas. Com o susto que apanhou, não quis voltar a pegar naquela bolinha doirada, brilhante e cintilante. Quis esquecer tudo e deitar-se, mesmo que fossem quatro da manhã.
      No dia seguinte fez o seu voo matinal mas voou baixinho, não chegou à lua, nem contornou as constelações, nem sobrevoou as estrelas, voou rente à água. Quis voar até ao horizonte e voava até mais não... 
     Quando voltou, viu uma bolinha doirada, brilhante e cintilante, no lugar exato onde se costumava deitar, antes de passar a noite inteira sem dormir, a pensar na estrela levada pelo mar. Agora, inacreditavelmente, estava ali, à sua frente e à vista de todos. Sentiu-se forte, a gaivota mais forte de todos os tempos. Então, agarrou na estrela e voou, continuando o seu percurso que só ela conhecia

Isabel Rosário, 2011

Um poema d'outros tempos...

segunda-feira, 20 de junho de 2011

SUNSHINE

Era uma vez um menino chamado Miguel. Ele era muito, muito pobre e andava sempre a mendigar na rua. Tinha mau aspecto e cheirava mal.
  Um dia, andava ele a pedir comida pela rua, quando passou por uma pessoa rica, e disse:
- Minha senhora, dai-me um bocadinho de pão, por favor, estou a morrer de fome.
  A mulher, muito avarenta, disse:
- Não! Tu não tens jeito nenhum, cheiras mal e pareces um macaco!
  O miúdo, ouvindo isto, foi a correr para o seu canto na cidade (uma gruta que abrigava outros pobres) contar à mãe o que se tinha passado. A mãe dele, escutando-o, não hesitou e disse:
- Meu filho, nunca peças nada a essas pessoas, porque pessoas ricas nunca serão felizes nas suas vidas.
  No dia seguinte, o Miguel foi pedir outra vez e encontrou um senhor com bom aspecto que lhe perguntou:
- O que tens, criança? Estás com mau aspecto.
- Eu e a minha mãe não temos nada para comer e não temos onde viver.
- Então onde vives?
- Vivo numa gruta com outros pobres.
- E como dormes?
- Durmo no chão, com uns trapos.
- Coitado de ti! Vem comigo.
Seguiu o senhor que o levou para uma instituição de adopção chamada Sunshine, onde assinou uns papéis que descreviam a situação da criança.
  O Miguel ficou no centro de adopção durante três longos anos à espera que alguém, com condições económicas, o adoptasse. Até que um dia, uma família com duas crianças, o adoptou. Essa família tinha condições de vida favoráveis.
  E assim, arranjou uma família onde, finalmente, viveu com alguém que lhe pudesse dar comida e um lugar onde morar.
  Dois meses depois, os pais adoptivos do Miguel souberam que a mãe do menino continuava a viver na rua. Ao ouvirem isto, os pais foram acolher a mãe biológica do Miguel. Ela ficou a viver e a trabalhar com eles.

Bernardo M. J. Soares | 5º F
Junho de 2011